quinta-feira, 11 de junho de 2015

As Tecnologias da Inteligência



 

 Autor: Pierre Lévy

 CAPÍTULO 1 - A METÁFORA DO HIPERTEXTO

1. IMAGENS DO SENTIDO 


PRODUZlR O CONTEXTO


Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação? De certo que sim, mas em um nível mais fundamental o ato de comunicação define a situação que vai dar sentido às mensagens trocadas. A circulação de informações é, muitas vezes, apenas um pretexto para a confirmação recíproca do estado de uma relação. Quando, por exemplo, conversamos sobre o tempo com um comerciante de nosso bairro, não aprendemos absolutamente nada de novo sobre a chuva ou o sol, mas confirmamos um ao outro que mantemos boas relações, e que ao mesmo tempo nossa intimidade não ultrapassou um certo grau, já que falamos de assuntos anódinos, etc. Não é apenas quando declaramos que "a sessão está aberta", ou em certas ocasiões excepcionais, que agimos ao falar. Através de seus atos, seu comportamento, suas palavras, cada pessoa que participa de uma situação estabiliza ou reorienta a representação que dela fazemos outros protagonistas. Sob este aspecto, ação e comunicação são quase sinônimos. A comunicação só se distingue da ação em geral porque visa mais diretamente ao plano das representações. Na abordagem clássica dos fenômenos de comunicação, os interlocutores fazem intervir o contexto para interpretar as mensagens que lhes são dirigidas. Após vários trabalhos em pragmática e em microsociologia da comunicação, propomos aqui uma inversão da problemática habitual: longe de ser apenas um auxiliar útil à compreensão das mensagens, o contexto é o próprio alvo dos atos de comunicação. Em uma partida de xadrez, cada novo lance ilumina com uma luz nova o passado da partida e reorganiza seus futuros possíveis; da mesma forma, em uma situação de comunicação, cada nova mensagem recoloca em jogo o contexto e seu sentido. A situação sobre o tabuleiro de xadrez em determinado momento certamente permite compreender um lance, mas a abordagem complementar segundo a qual a sucessão dos lances constrói pouco a pouco a partida talvez traduza ainda melhor o espírito do jogo. O jogo da comunicação consiste em, através de mensagens, precisar, ajustar, transformar o contexto compartilhado pelos parceiros. Ao dizer que o sentido de uma mensagem é uma "função" do contexto, não se define nada, já que o contexto, longe de ser um dado estável, é algo que está em jogo, um objeto perpetuamente reconstruído e negociado. Palavras, frases, letras, sinais ou caretas interpretam, cada um à sua maneira, a rede das mensagens anteriores e tentam influir sobre ó significado das mensagens futuras. O sentido emerge e se, constrói no contexto, é sempre local, datado, transitório. A cada instante, um novo comentário, uma nova interpretação, um novo desenvolvimento podem modificar o sentido que havíamos dado a uma proposição ( por exemplo) quando ela foi emitida... Se estas idéias são de alguma forma válidas, as modelizações sistêmicas e cibernéticas da comunicação em uma organização são no mínimo insuficientes. Elas consistem quase sempre em designar um certo número de agentes de emissão e recepção, e depois em traçar o percurso defluxos informacionais, com tantos anéis de retroação quanto se desejar. Os diagramas sistêmicos reduzem a informação a um dado inerte e descrevem a comunicação como um processo unidimensional de transporte e decodificação. Entretanto, as mensagens e seus significados se alteram ão deslocarem-se de um ator a outro na rede, e de um momento a outro do processo de comunicação. O diagrama dos fluxos de informação é apenas a imagem congelada de uma configuração de comunicação em determinado instante, sendo geralmente uma interpretação particular desta configuração, um "lance" no jogo da comunicação. Ora, a situação deriva perpetuamente sob o efeito das mudanças no ambiente e de um processo ininterrupto de interpretação coletiva das mudanças em questão. Identidade, composição e objetivos das organizações são portanto periodicamente redefinidos, o que implica uma revisão dos captadores e das informações pertinentes que eles devem recolher, assim como dos mecanismos de regulagem que orientam as diferentes partes da organização rumo a seus objetivos. É nesta metamorfose paralela da organização e de seu ambiente que se baseia o poder instituinte da comunicação; vemos que ela está mal representada pelos diagramas funcionais dos fluxos de informação. Porque transformam os ritmos e as modalidades da comunicação, as mutações das técnicas de transmissão e de tratamento das mensagens contribuem para redefinir as organizações. São lances decisivos, "metalances", se podemos falar assim, no joga da interpretação e da construção da realidade.


CLARÕES


Os atores da comunicação produzem portanto continuamente o universo de sentido que os une ou que os separa. Ora, a mesma operação de construção do contexto se repete na escala de uma micropolítica interna às mensagens. Desta vez, os jogadores não são mais pessoas, mas sim elementos de representação. Se o assunto em questão é, por exemplo, comunicação verbal, a interação das palavras constrói redes de significação transitórias na mente de um ouvinte. Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras
palavras, de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações proprioceptivas, lembranças, afetos, etc. Por exemplo, a palavra " maçã " remete aos conceitos de
fruta de árvore, de reprodução; faz surgir o modelo mental de um objeto basicamente esférico, com
um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por uma pele de cor variável, contende uma polpa
comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o comemos; evoca também o gosto e a
consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a golden muitas vezes farinhenta, a
melrose deliciosamente perfumada; traz de volta memórias de bosques normandos de macieiras, de
tortas de maçã, etc. A palavra maçã está no centra de toda esta rede de imagens e conceitos que, de
associação em associação, pode estender-se a toda nossa memória. Mas apenas os nós selecionados
pelo contexto serão ativados com força suficiente para emergir em nossa consciência.Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: "Isabela come uma maçã por suas vitaminas. " Como a palavra "maçã", as palavras "come" e "vitaminas" ativam redes de conceitos, de modelos, de sensações, de lembranças, etc. Serão finalmente selecionados os nós da minirrede, centrada sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao mesmo tempo; neste caso: as imagens e os conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse "a maçã da discórdia"ou a "maçã de Newton", as imagens e os modelos mentais associados à palavra " maçã " seriam diferentes. O contexto designa portanto a configuração de ativação de uma grande rede semântica em um dado momento. Reiteremos aqui a conversão do olhar já tentada para a abordagem macroscópica da comunicação: podemos certamente afirmar que o contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar que cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica reticular que, quando nos concentramos meta, se mostra composta de imagens, de modelos, de lembranças, de sensações, de conceitos e de pedaços de discurso. Tomando os termos leitor e texto no sentido mais amplo possível, diremos que o objetivo de toda texto é o de provocar em seu leitor um certo estado de excitação da grande rede
heterogênea de sua memória, ou então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo interior, ou ainda disparar a projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação.
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Não somente cada palavra transforma, pela ativação que propaga ao longo de certas vias, o estado de excitação da rede semântica, mas também contribui para construir ou remodelar a própria topologia da rede ou a composição de seus nós. Quando ouvi Isabela declarar, ao abrir uma caixa de
raviólis, que não se preocupava com dietética, eu havia construído uma certa imagem de sua relação com a comida. Mas ao descobrir que ela comia uma maçã " por suas vitaminas", sou obrigado a reorganizar uma parte da rede semântica a ela relacionada. Em termos gerais, cada vez que um caminho de ativação é percorrido, algumas conexões são reforçadas, ao passo que outras caem aos
poucos em desuso. A imensa rede associativa que constitui nosso universo mental encontra-se em metamorfose permanente. As reorganizações podem ser temporárias e superficiais quando, por exemplo, desviamos momentaneamente o núcleo de nossa atenção para n audição de um discurso,
ou profundas e permanentes como nos casos em que dizemos que "a vida "Ou "uma longa experiência" nos ensinaram alguma coisa. O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a extensão do grafo luminoso. disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma forma particular, uma imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela transformará, talvez imperceptivelmente, o mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir espaço para entras constelações.

SEIS CARACTERÍSTICAS DO HIPERTEXTO


Cada um em sua escala, os atores da comunicação ou os elementos de uma mensagem constroem e remodelam universos de sentido. Inspirando-nos em cortas programas contemporâneos, que descreveremos abundantemente na continuação desta seção, chamaremos estes mundos de significação de hipertextos.
Como veremos, na estrutura do hipertexto não dá conta somente da comunicação. Os processos sociotécnicos, sobretudo, também têm uma forma hipertextual, assim como vários outros fenômenos. O hipertexto é talvez uma metáfora válida para todas as esferas da realidade em que significações estejam em jogo. A fim de preservar as possibilidades de múltiplas interpretações do modelo do hipertexto, propomos caracterizá-lo através de seis princípios abstratos.

l. Principio de metamorfose


A rede hipertextual está em constante construção e renegociação. Ela pude permanecer estável durante um certa tempo, mas esta estabilidade é em si mesma fruto de um trabalho. Sua
extensão, sua composição e seu desenho estão permanentemente em jogo para os atores envolvidos,
sejam eles humanos, palavras, imagens, traços de imagens ou de contexto, objetos técnicos,
componentes destes objetos, etc.

2. Princípio de heterogeneidade


Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são heterogêneos. Na memória serão encontradas imagens, sons, palavras, diversas sensações, modelos, etc., e as conexões serão lógicas, afetivas, etc. Na comunicação, as mensagens serão multimídias, multimodais; analógicas, digitais, etc. O processo sociotécnico colocará em jogo pessoas, grupos, artefatos, forças naturais de todos os tamanhos, com todos os tipos de associações que pudermos imaginar entre estes elementos.

3. Princípio de multiplicidade e de encaixe das escalas

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O hipertexto se organiza em um modo "fractal", ou seja, qualquer nó ou conexão, quando analisado, pode revelar-se como sendo composto por toda uma rede, e assim por diante, indefinidamente, ao longa da escala dos graus de precisão. Em algumas circunstâncias críticas, há efeitos que podem propagar-se de uma escala a outra: a interpretação de uma vírgula em um texto (elemento de uma microrrede de documentos), caso se trate de um tratado internacional, pode repercutir na vida de milhões de pessoas (na escala da macrorrede social).

4. Princípio de exterioridade


A rede não possui unidade orgânica, nem matar interno. Seu crescimento e sua diminuição, sua composição e sua recomposição permanente dependem de um exterior indeterminado: adição de novos elementos, conexões com outras redes, excitação de elementos terminais (captadores), etc. Por exemplo, para a rede semântica de uma pessoa escutando um discurso, a dinâmica dos estados
de ativação resulta de uma fonte externa de palavras e imagens. Na constituição da rede sociotécnica intervêm o tempo toda elementos novos que não lhe pertenciam no instante anterior: elétrons, micróbios, raios X, macromoléculas, etc.

5. Princípio de topologia

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Nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. Neles, o curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhas. Não há espaço universal homogêneo onde haja forças de ligação e separação, onde as mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca deve utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra, ou então será obrigado a modificá-la. A rede não está no espaço, ela é o espaço.

6. Princípio de mobilidade dos centros. 


A rede não tem centra, ou melhor, possui permanentemente diversos centros que são como pontas luminosas perpetuamente móveis, saltando de um nó a outro, trazendo ao redor de si uma ramificação infinita de pequenas raízes, de rizomas, finas linhas brancas esboçando por um instante um mapa qualquer com detalhes delicados, e depois correndo para desenhar mais à frente outras paisagens do sentido.

BIBLIOGRAFIA

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DELEUZE Gilles, GUATARRI Félix, Mille Plateux. Capitalism et schizophrénie, Minuit, Paris, 1980 GARFINKEL Harold, Studies in Ethnomethodology, Prentice Hall, Engelwood Cliffs, New Jersey, 1967. JOHNSON-LAIRD Philip N., Mental Models, Harvard University Press, Cambridge, Massachusetts, 1983.
QUERE Louis, Des mirois équivoques, Aubier Montaigne, Paris, 1982. STILLINGS Neil et al., Cognitibve Science. An Introduction, MIT Press, Cambridge, Massachusetts, 1987.
WINKIN Yves (textos organizados e apresentados por), La Nouvelle Communication, Le Seuil, Paris, 1981.

A Circulação da Informação

A Circulação da Informação

A circulação das informações produzidas pelo Estado só bem recentemente deixou de ser restrita às esferas públicas produtoras: no Brasil, os serviços públicos de divulgação da informação começaram a aparecer no final da década de 70, ainda que de forma muito incipiente, com base em critérios mais pragmáticos do que técnico-científicos, conhecendo maior desenvolvimento com o processo de democratização brasileira. De início, a existência desses serviços era restrita aos centros próximos do poder, situação que se modifica gradativamente em razão do uso das novas tecnologias, em particular da Internet.
Na construção desses sistemas a ênfase na tecnologia por diversas vezes prepondera quanto aos critérios de organização da informação, e não é raro verificar que os organismos governamentais demonstram certa resistência em relação às práticas necessárias ao trabalho de produção e organização da informação (Malin, 1998). Resulta daí a sobrevalorização da informática (que deveria ser vista no seu sentido final de ferramenta) em detrimento do tratamento da informação. Esse quadro modifica-se apenas de forma bastante lenta, quando as instituições passam a perceber que a informática sozinha não tem oferecido respostas adequadas para dar conta dos aspectos de organização e recuperação de conteúdos, acordando, em ritmo menor do que seria desejado, para o uso de tecnologias de informação (e não só de informática).
Analisada como ferramenta, todavia, a importância da informática é inegável. No campo da circulação da informação estatística os reflexos dos fatores apontados não são diferentes. As estruturas organizativas também se ressentem continuamente da alteração de objetivos e metas governamentais. A complexidade do trabalho de organização e disseminação da informação estatística é agravada pelas conseqüências das alterações advindas da transformação da sociedade contemporânea que se rebatem na formulação do sistema estatístico oficial (Porcaro, 2001). Essas mudanças nem sempre são captadas pelas pesquisas estatísticas em razão dos modelos teórico-conceituais que constituem a base das coletas, problema que se materializa claramente quando da construção de metassistemas de informação (sistemas de organização e recuperação construídos para facilitar o acesso aos sistemas estatísticos ou a dados particulares desses sistemas), porém se refletem nas demandas, mais rapidamente sensíveis às alterações.

Biografia: Pierre Lévy

Biografia: Pierre Lévy


Pierre Lévy é um filósofo francês da cultura virtual contemporânea. Vive em Paris e leciona no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris-VIII. Foi incentivado e treinado por Michel Serres e Cornelius Castoriadis a ser um pesquisador. Especializou-se em abordagens hipertextuais quando lecionou na Universidade de Ottawa, no Canadá. Após sua graduação, preocupou-se em analisar e explicar as interações entre Internet e Sociedade. Desenvolveu um conceito de rede, juntamente com Michel Authier, conhecido como Arbres de connaissances (Árvores do Conhecimento). Lévy também pesquisa a inteligência coletiva focando em um contexto antropológico, e é um dos principais filósofos da mídia atualmente. Suas pesquisas se concentram principalmente na área da cibernética. Com isso, tornou-se um dos maiores estudiosos sobre a Internet, que por ser uma mídia informativa recente, não possui dimensões de repercussão e aplicação bem definidas.

Vida e história

Pierre Lévy nasceu no dia 2 de julho de 1956, na Tunísia, país do norte da África que na época era colônia da França, em uma família judia. Pouco se sabe sobre sua trajetória pessoal até 1980 (quando ele termina seu Mestrado em História da Ciência, na Universidade de Sorbonne, em Paris1 ).
Convencido do papel vital das técnicas de comunicação e dos sistemas de sinais na evolução cultural em geral, começa a pensar a "revolução digital" na filosofia contemporânea, estética, educacional e antropológica. Descobre sua vocação ao envolver-se na elaboração de elementos de História da Ciência(1989) juntamente com uma equipe, durante um curso com o filósofo francês Michel Serres. Neste curso, assinou um capítulo sobre a invenção do computador e, após assiná-lo, publica seu primeiro livro: A Máquina Universo – criação, cognição e cultura informática em 1987, no qual fala sobre as implicações culturais da informatização e suas raízes na história do Ocidente.
Nos anos de 1987 a 1989, tornou-se professor visitante no Departamento de Comunicação da Universidade do Quebec em Montreal. Lá, teve a oportunidade de aprimorar seu conhecimento sobre ciência cognitiva. Ao descobrir o mundo emergente do hipertexto e da multimídia interativa, começou a executar sistemas especialistas. Seu segundo livro, As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática de 1990, é o resultado de sua experiência na América do Norte. Nele, Levy busca fornecer uma consistência filosófica ao conceito de hipertexto, e apresenta o programa de "ecologia cognitiva", que é muito próximo daquilo que Régis Debray havia chamado de "mediology"2 . Tal livro se torna a mais famosa de suas obras no Brasil.
Lévy torna-se relativamente famoso em todo o planeta a partir de meados da década de 1990, quando difunde sua tese sobre a As Árvores de Conhecimento, um mecanismo que criou com Michel Authier1 . Este sistema é composto por um software de cartografia e pelo intercâmbio de conhecimentos entre comunidades, gerando uma ampla enciclopédia virtual em constante transformação.
A partir de 1993, Pierre Lévy passa a atuar como professor no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris, em St-Denis. De 2002 em diante ele assume como titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva, na Universidade de Ottawa, Canadá. O filósofo logo se torna integrante da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).
Lévy já esteve no Brasil, proferindo palestras para uma média de 500 pessoas no Sesc Vila Mariana. Seus temas por excelência são: a exclusão do universo digital, a Internet, as novas tecnologias da comunicação e o futuro da humanidade na esfera da contínua digitalização.

Formação

Lévy é mestre em História da Ciência formado pela Universidade de Sorbonne, e tem formação em Sociologia e Filosofia. É um pesquisador reconhecido e respeitado na área da cibernética, da inteligência artificial e da internet. É precursor de concepções como inteligência coletiva, ciberespaço, cibercultura e internet como um instrumento de desenvolvimento social; além de ter experiência técnica na concepção de sistemas de informação inteligentes. Seu último livro, Cibercultura, relata diversas experiências realizadas através da Internet.
É Professor de Ciências Educacionais na Universidade de Paris-Nanterre, no Departamento de Hipermídia da Universidade de Paris-8, em St-Denis e é titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva, na Universidade de Ottawa, no Canadá3 .

Influência

Seu Estudo

O filósofo francês é um dos maiores estudiosos sobre o mundo da Internet, que é considerada uma mídia informativa recente quando comparada as outras pelo fato de suas aplicações na sociedade atual ainda não terem sido devidamente dimensionadas4 .
Sua vocação para a pesquisa foi despertada durante um curso com o filósofo francês Michel Serres, na Universidade de Sorbonne, em Paris. Convencido do papel fundamental desempenhado pelas técnicas de comunicação e pelos "sistemas de signos" na evolução cultural em geral, assumiu sua principal tarefa: pensar a “revolução informática”5 .
Três anos após a conclusão de seu mestrado, Pierre Lévy defendeu sua tese em "Sociologia e Ciências da Informação e da Comunicação" na capital francesa, discorrendo sobre a ideia de liberdade na Antiguidade1 .
Suas pesquisas se concentraram especialmente na área da cibernética e da inteligência artificial. Nos anos 80, passou a lecionar na Universidade de Quebec, no Canadá, e suas aulas giravam em torno da função dos computadores no mecanismo da comunicação1 .
Ele nos propõe repensar completamente o papel do conhecimento/informação/comunicação na sociedade, pois esses fatores eram vistos como algo secundário, influenciados pela política e economia, por exemplo.6 Segundo ele, o advento da Internet nos expôs uma realidade que torna este tipo de visão ineficaz, tendo em vista que a sociedade passa a fazer macro-mudanças que são inexplicáveis devido a chegada da rede e, com isso, novas empresas, novos movimentos políticos, novas formas de se vender, de comprar, de se informar, se comunicar, de se relacionar. Sendo assim, não é a economia ou a política e nem o social que estão provocando tais fatos, mas sim essas macro-mudanças no ambiente da mídia, que envolve o conhecimento, a informação e a comunicação.
Lévy sugere a inversão do mapa conceitual atual demostrando, por intermédio de uma lógica histórica, que, diferentemente de nossa ideia de que o conhecimento/informação/comunicação, dentro de uma nova mídia, criam o caminho na qual a economia, a política e a sociedade irão trilhar de maneira distinta no futuro.
Em seus estudos, aborda o papel fundamental das tecnologias na esfera da comunicação e a performance dos sistemas de signos na evolução da cultura em geral. Seu foco é voltado para a exclusão do universo digital, da Internet, das novas tecnologias da comunicação e do futuro da humanidade na esfera da contínua digitalização1 .
Lévy acredita que estamos frente ao século da globalização da informação e da desmaterialização dos suportes da informação. Isso permite que as pessoas tenham acesso a uma variedade de obras, serviços, dados e produtos transmitidos e reproduzidos em grande velocidade pelas mais variadas formas de produção e distribuição. Para ele, a internet permite hoje que milhões de pessoas se dirijam a um vasto público nacional e internacional. Pessoas que não puderam publicar suas ideias nas mídias clássicas como a edição em papel, nos jornais ou aparecer em televisão, o fazem na internet.
Pierre Lévy reafirma constantemente sua posição sobre a internet como um instrumento importante de desenvolvimento social, lembrando que essa ferramenta tem apenas cerca de 10 anos de uso e ainda muito para desenvolver e se popularizar. Lembra também que no caso da escrita, por exemplo, pelo menos 3.000 anos se passaram para que se atingisse seu atual estágio, no qual a grande maioria sabe ler e escrever. A inclusão digital na sociedade é de suma importância para aumentar, cada vez mais, o número de plugados, tendo assim um posicionamento positivo sobre o futuro da internet e seus ganhos para a sociedade.
O autor lembra também que a evolução do homem só é possível devido as habilidades aprendidas por ele, as quais o difere dos animais (tais como a construção de diálogos e organização do pensamento). Além disso, seriam essenciais para a construção da inteligência coletiva. Para ele, o gênero humano já passou por três períodos históricos evolutivos: a oralidade, a escrita e a virtualização na qual se encontra atualmente5 . Portanto, a informatização ou virtualização representa mais um ponto positivo na evolução humana.

No Brasil

Pierre Lévy já esteve no Brasil inúmeras vezes, sempre ministrando palestras em instituições de ensino e realizando conferências. A última delas foi em agosto de 2012, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. O tema central dessa palestra foi Internet e Desenvolvimento Humano. No evento, Pierre reafirmou a importância da Internet no desenvolvimento da sociedade atual.
"A Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou pelo menos 3000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever. A Internet tem apenas 10 anos", foi uma das falas de Lévy durante sua palestra no Brasil. 7
Como foi pioneiro no estudo da cibercultura, é natural que outros autores sejam influenciados por suas ideias e correntes de pensamentos. No Brasil, pode-se citar o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, André Lemos, que em 2010 lançou um livro em parceria com Lévy pela editora Paulus: O futuro da internet: Em direção a uma ciberdemocracia planetária . Este livro é, na verdade, a atualização de um livro de Lévy lançado em 2002, o Cyberdémocracie: Essai de Philosophie Politique
Recentemente, Pierre Levy comentou sobre os protestos ocorridos no país no primeiro semestre de 2013. Para ele, há uma nova geração de pessoas com boa educação, trabalhadores que têm conhecimento e que, através da internet, querem ser ouvidos. Dessa forma, há uma comunicação sem fronteiras que a mídia simplesmente não controla; uma "identidade em rede". Inteligência coletiva e transparência são contemplados, visando também uma nova ideologia que busca o “desenvolvimento humano” (a partir da educação, saúde e direitos humanos). Em geral, se desconfia da mídia, privilegiando as informações transmitidas por pessoas ou instituições organizadas. Isso significa uma comunicação autônoma, na qual cada um decide em quem confiar, e esse é o ponto da nova comunicação na mídia social. Para ele, as mobilizações através das redes sociais afirmam que "A revolta brasileira está acima de qualquer evento emocional, social e cultural."8 Segundo o autor, é o experimento de uma nova forma de comunicação.
Em seu livro Cibercultura, Levy expressa suas expectativas favoráveis em relação à educação a distância. Sobre o tema, concedeu sua opinião em relação à educação a distância que ocorre no Brasil (EAD). O autor destacou as vantagens mais expressivas dessa modalidade de ensino, apresentando-a como um setor de educação particularmente interessante por permitir que um grande número de novidades seja testado junto a novas técnicas pedagógicas o que, para ele, deveria acontecer em todos os ramos da educação. Destaca também que as tecnologias utilizadas na educação a distância tendem, cada vez mais, a ser utilizadas e adaptadas nos ambientes de educação tradicional (como filmes, vídeos, programas de computadores).9

Conceitos

Inteligência Coletiva

O conceito de inteligência coletiva é desenvolvido por Pierre Lévy em seu livro "A inteligência coletiva – Por uma antropologia do ciberespaço". Nessa obra, o autor explica que, na realidade, esse conceito é estudado e aplicado há muito tempo. Lévy aborda toda a história da inteligência coletiva e a relaciona com o ciberespaço, abrangendo diversas áreas sobre o tema.
A inteligência coletiva é um termo que diz respeito a um princípio no qual as inteligências individuais são somadas e compartilhadas por toda a sociedade, sendo potencializadas a partir do surgimento de novas tecnologias de comunicação como a Internet, por exemplo. Para o filósofo, ela possibilita o compartilhamento da memória, da imaginação e da percepção, o que resulta na aprendizagem coletiva, troca de conhecimentos. As informações são cruzadas e então selecionadas por cada pessoa numa espécie de ecossistema de ideias.
Para o autor, reconhecer a inteligência dos demais indivíduos e seu potencial faz parte da inteligência coletiva. Sendo assim, não se pode menosprezar nem subjugar ninguém, seja por seu emprego, condição social, sobrenome, etc. De certa forma, todos são seres inteligentes e possuem seus conhecimentos. Segundo Pierre Lévy, quando todos pensarem desta forma, exaltando a inteligência coletiva, será dado um passo importante para o aumento do entendimento de cada um.
Esse conceito é debatido pelo autor estabelecendo uma relação com as tecnologias da inteligência, caracterizando-se pela nova forma de pensamento sustentável, através de conexões sociais que se tornam viáveis pela utilização das redes abertas de computação da internet.
As tecnologias da inteligência são representadas especialmente pelas linguagens, pelos sistemas de signos, pelos recursos lógicos e pelos instrumentos dos quais nos servimos. Todo nosso funcionamento intelectual é induzido por essas representações. Segundo o filósofo e sociólogo, os seres humanos são incapazes de pensar sozinhos e sem o auxílio de alguma ferramenta.
A inteligência coletiva seria, pois, uma forma do homem pensar e compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas, utilizando recursos mecânicos, como por exemplo a internet. Nela, os próprios usuários geram o conteúdo através da interatividade com o website.

Cibercultura

Para Pierre Lévy, cibercultura reflete a “universalidade sem totalidade”, algo novo se comparado aos tempos da oralidade primária e da escrita. É universal porque promove a interconexão generalizada, mas comporta a diversidade de sentidos, dissolvendo a totalidade. Em outras palavras, a interconexão mundial de computadores forma a grande rede, na qual cada nó é fonte de heterogeneidade e diversidade de assuntos, abordagens e discussões, ambos em permanente renovação.
Lévy coloca que a cibercultura é um movimento que oferece novas formas de comunicação, o que chama a atenção de milhares de pessoas pelo mundo.
Desde o início, o autor explicita a sua intenção de deixar de fora as questões econômicas e industriais, concentrando-se nas implicações culturais. No entanto, ele próprio não consegue se desvencilhar da teia de colisões sociais, políticas e econômicas em que a técnica se insere e enaltece a “dialética das utopias e dos negócios”, numa referência à relação da cibercultura com a globalização econômica. Sem dúvida, questões tão complexas como essas mereceriam tratamento mais aprofundado. Segundo Lévy, o próprio ambiente instável, dificulta a formulação de grandes respostas. De qualquer forma, ele consegue dar o seu recado: é preciso navegar neste mundo de transformações radicais.
Sobre esta visão que sugere que a rede está tendendo à uma finalidade mercadológica e paga, Levy argumenta que a música e o cinema também são produtos industriais, mas nem por isso aumentou o fosso existente entre ricos e pobres. Além do mais, se os serviços pagos na rede estão aumentando, os serviços gratuitos aumentam em uma velocidade bem maior.
O autor acredita que a cibercultura seja a herdeira legítima da filosofia das Luzes e difunde valores como fraternidade, igualdade e liberdade. Para ele, a rede é, antes de tudo, um instrumento de comunicação entre indivíduos, um lugar virtual no qual as comunidades ajudam seus membros a aprender o que querem saber.

Virtualização

Levy classifica como “fácil e enganosa” a oposição entre real e virtual, defendendo que o virtual, na verdade, se opõe ao atual, na medida em que tende a se atualizar, sem alcançar uma concretização efetiva. Junto a isso, afirma que o virtual se distingue do possível, na medida em que este último já estaria constituído, estando somente em estado latente, pronto a se transformar no real. Dessa forma, o virtual assume a condição de algo que fornece as tensões para o processo criativo que envolve a atualização, não sendo algo previsível e estático, como a passagem do possível para o real.
O virtual assume o lugar do significado, de matriz geradora, em oposição à atualização particular do significante, ou o atual. Lévy compara também o virtual a um “vazio motor” e a partir disso, trabalha com o conceito de virtual, qualificando como uma de suas principais modalidades, ou seja, o desprendimento do aqui e agora.
A virtualização amplia a variabilidade de espaços e temporalidades, enquanto novos meios de comunicação estabelecem modalidades diversificadas de tempo e espaço que diferenciam aqueles que estão envolvidos entre si e também em relação aos que se situam fora do novo sistema. Essa atribuição de valor em função das diferenças é aplicada por Lévy ao processo de virtualização. Para ele, a ampliação da comunicação e da velocidade compartilham a “tensão em sair de uma presença”.
Existem vários tipos de virtualização, como por exemplo a virtualização do texto, da ação, do presente, da violência, do corpo, entre outros. A virtualização sempre esteve presente em nossas vidas, e ela influencia em diversos aspectos, em especial no que diz respeito à evolução da espécie humana.10

Atualização

A atualização é uma solução de um determinado problema, um resultado de fatores que se conjugam e originam uma solução. Pierre Lévy define a atualização como “uma criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades.”11
A atualização é a criação, é a invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades, podendo ser, por isso, definida como o movimento inverso da virtualização. O mesmo ocorre por representar uma mutação da identidade; um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado ao invés de se definir por sua atualidade; uma "solução". A entidade passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático, ou seja, a atualização vai de um problema a uma solução, enquanto a virtualização passa de uma solução dada a um problema.

Ciberdemocracia

Segundo o autor, a Internet proporciona um progresso de democracia. O mesmo ocorre não porque as pessoas vão responder imediatamente a pergunta de outros, mas porque poderão, por si próprias, elaborar muito mais seus próprios problemas e questões e, eventualmente, submetê-los às autoridades políticas. Esta parece ser a maneira pela qual a democracia irá progredir, a qual Pierre Levy acredita ser uma outra forma de progresso da democracia, com maior transparência. Com as novas técnicas de comunicação, as pessoas podem facilmente ter acesso a documentos complexos e a informações que antes pertenciam a uma pequena minoria.
No entanto, segundo ele, para que a ciberdemocracia seja de fato democrática é necessário o desenvolvimento da educação, o desenvolvimento humano, o combate à pobreza e a facilitação do acesso à Internet pelas classes ainda fora de rede.

Ciberespaço

O conceito de ciberespaço pode ser melhor compreendido à luz do esclarecimento que Pierre Levy faz à respeito do virtual (Levy, 1996). Segundo ele, o virtual é uma nova modalidade de ser, cuja compreensão é facilitada se considerarmos o processo que leva a ele: a virtualização.
O ciberespaço pode ser considerado uma virtualização da realidade, uma migração do mundo real para um mundo de interações virtuais. A desterritorialização, a saída do "agora" e do "isto" é uma das vias régias da virtualização por transformar a coerção do tempo e do espaço em uma variável contingente. Esta migração em direção à uma nova espaço-temporalidade estabelece uma realidade social virtual que, aparentemente mantendo as mesmas estruturas da sociedade real, não possui, necessariamente, correspondência total com esta, possuindo seus próprios códigos e estruturas.
O autor diz que ciberespaço envolve alterações profundas na nossa maneira de pensar, de dar sentido ao mundo, de nos relacionarmos uns com os outros e de organizar a sociedade, ou seja, uma nova abordagem do conhecimento. Com isso, notamos também uma mudança epistemológica, na qual há uma resposta para a relação sujeito/objeto do conhecimento. Lévy considera que é necessário inventariar todo este conhecimento, tendo em vista que a modernidade sufoca o sujeito com uma racionalidade que não considera todas as dimensões humanas que não são racionais. Para transmitir conhecimento, é preciso que cada um refaça a experiência, recriando o mundo a partir de seus próprios olhares.
Ao constituir-se em um novo espaço de sociabilidade, acaba gerando novas formas de relações sociais com códigos e estruturas próprias.

Os Fluxos de Informações

Em um único aparelho de celular é possível enviar vários tipos de informações, como transações bancárias, fotos, imagens, mensagens, dentre outras.

Os fluxos de informações
Algumas tecnologias da informação, como computadores conectados à internet, teleconferência, telefone fixo e móvel, satélites, além de outros, favorecem de forma direta o fluxo de informações, isso em cadeia global.

Contamos atualmente com uma complexa rede de comunicação, pela qual as mais diversas informações fluem de maneira acelerada, dessas podemos citar: os noticiários da TV, rádio, jornais, revistas, internet e muitos outros. Diante desses e de outros meios de comunicação, o homem contemporâneo pode assistir uma guerra ou mesmo um atentado através de um aparelho de televisão, como o que aconteceu nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, quando bilhões de pessoas puderam visualizar ao vivo esse acontecimento histórico.

Os veículos de comunicação em massa são os responsáveis por nos transmitir as notícias que acontecem em nossa cidade, nosso Estado, país ou em qualquer outro ponto do planeta.

Os fluxos de informações vêm aumentando em todo planeta, isso se deve, principalmente, pelo fato dos custos com as novas tecnologias e serviços (como telefone fixo e móvel, além da internet) estarem gradativamente diminuindo, desse modo, atingindo uma quantidade cada vez maior de pessoas. O custo de uma ligação internacional entre Nova York e Londres custa hoje cerca de US$ 0,35, na década de trinta o valor era de 250 dólares.

Tanto a rede de telecomunicação quanto os fluxos de informações não possuem a mesma configuração em todas as partes do mundo, pelo contrário, são bastante desiguais. Isso é explicado pelo fato de que os países desenvolvidos detêm o monopólio das informações que circulam no mundo. A maioria das agências de notícias, como as redes de TV, se encontra nesses países, que possuem domínios sobre os satélites, de onde vêm as principais informações.

Somente uma rede de televisão norte-americana possui vinte satélites, esses são usados para transmitir a milhões de pessoas seus programas. Esses satélites permitem que um acontecimento em qualquer parte do planeta possa ser transmitido quase que simultaneamente a bilhões de pessoas no mundo.

A desigualdade quanto ao uso das novas tecnologias é provado quando se observa que em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, França e Alemanha, cerca de 63% de suas respectivas populações têm acesso à internet. Enquanto que em países da África Subsaariana, somente 1,3% da população tem acesso a essa tecnologia